Pedidos de brasileiros disparam e espera de vistos para Portugal ultrapassa mais de 8 meses
- Vivo Migrações
- 13 de jan.
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Atualizado: 13 de jan.
Houve um aumento de 10% e os milhares de pedidos estão causando sobrecarga nos consulados, que terão reforço.

Os brasileiros enfrentam uma espera de até oito meses para a conclusão de pedidos de visto nos consulados de Portugal. Esse atraso é um recorde nos prazos para processos pendentes desde que a manifestação de interesse foi extinta, em junho de 2024.
Processos que deveriam ser resolvidos em até 90 dias têm demorado muito mais, possivelmente devido à sobrecarga. Segundo o Portugal Giro, houve um aumento de 10,6% nos pedidos de visto em apenas um ano, totalizando quase 25 mil solicitações em 2024.
Grupos de WhatsApp reúnem centenas de pessoas que relatam prejuízos causados pela situação, e um protesto está marcado para o dia 22 de janeiro em frente ao consulado de Salvador. Raquel da Costa, uma das solicitantes, aguardou pouco mais de oito meses para a conclusão de seu processo, que foi finalizado em 23 de dezembro. Sua análise começou em abril de 2024, e ela afirmou ter enviado toda a documentação no prazo, além de precisar reenviar alguns documentos solicitados.
Está previsto um reforço nas equipes dos consulados para este ano, mas, até lá, a espera continua longa para muitos brasileiros. Alexandre Alves, por exemplo, relatou que completou sete meses aguardando o visto para ele e sua esposa, Camila, desde que enviaram os documentos para a VFS Global, empresa terceirizada, em 12 de junho.
— Enviamos nossa documentação acreditando que o visto seria emitido dentro do prazo de 90 dias informado no site da VFS, mas o processo já está no sétimo mês — relatou Alexandre.
Ele e Camila venderam bens para viabilizar a mudança e agora enfrentam prejuízos financeiros. Alexandre pediu demissão de seu emprego na área de logística, enquanto Camila fechou seu salão de beleza.
— Planejamos tudo direitinho: contratamos assessoria, advogada e serviços de relocação. Vendemos carro, móveis, pedi demissão, e ela encerrou o salão. Infelizmente, os vistos para procura de trabalho não saíram, e tivemos perdas financeiras com passagens, aluguel e oportunidades de emprego perdidas — contou Alexandre.
O visto de Camila foi aprovado apenas em outubro, e ela embarcou sozinha para Braga no início de dezembro, onde trabalha em um salão de beleza, recebendo o salário mínimo de €870 (aproximadamente R$5,4 mil). Segundo Alexandre, esse valor não cobre as despesas com aluguel e contas, e o casal tem utilizado as reservas financeiras, que estão se esgotando. Ele também questiona uma pendência que foi apontada pela VFS, alegando que o custo do alojamento seria 50% do valor que ele declarou levar.
— Minha reserva de alojamento era de R$5 mil, e eu declarei que levaria R$20 mil. Cinco não é metade de 20, não é? — questionou Alexandre.
Rafaela Fertunani, advogada, também enfrenta uma longa espera. Ela enviou seu pedido de visto para procura de trabalho no dia 21 de junho, junto com o marido, Cléber. Embora o visto de Cléber tenha sido aprovado em outubro, o dela segue sem conclusão, mesmo apresentando uma conta bancária com saldo superior aos três salários mínimos exigidos.
— Fiz os processos do meu esposo e o meu. Apesar de ter mais dinheiro na conta, tive uma pendência de hospedagem, enquanto o visto dele foi aprovado sem problemas em outubro — afirmou Rafaela.
Ela ajustou a pendência no dia 11 de outubro, mas não obteve retorno até agora.
— O mais incrível é que usamos a mesma hospedagem no processo, e eu tinha mais recursos financeiros, mas apenas o visto dele foi aprovado — explicou Rafaela.
Cléber já embarcou e conseguiu um emprego na área de tecnologia, enquanto Rafaela, que pediu demissão, vendeu seus bens, entregou o apartamento e foi morar com a mãe junto com o filho pequeno.
— O maior prejuízo é emocional. Estou morando com minha mãe, e meu filho sente muita falta do pai — desabafou Rafaela.
Procurados, a VFS Global e o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal não se manifestaram sobre os atrasos nos processos. Fonte: Jornal O Globo
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