Oito brasileiros são presos na França com títulos da CPLP e sete deles foram deportados
- Vivo Migrações
- 16 de dez. de 2024
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Advogado do brasileiro que ainda está em poder da polícia diz que o cliente e os sete colegas foram trabalhar como pedreiros, mesmo sem ter a documentação exigida pelas autoridades francesas.

Oito brasileiros foram detidos na França nesta semana, sendo que sete deles já foram deportados para o Brasil. Apenas um continua sob custódia no país europeu, tendo a opção de ser enviado para Portugal ou retornado ao Brasil, conforme explicou o advogado Alfredo Roque, da VE Consultoria. Todos possuíam autorização de residência emitida por Portugal com base no acordo de mobilidade firmado com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Contudo, esse documento não é válido em outros países da União Europeia, o que já gerou questionamentos ao governo português por parte do bloco.
Roque relatou que foi contatado por telefone, na sexta-feira (13/12), pelo brasileiro que ainda está detido na França. O homem, natural de Manaus, Amazonas, informou que ele e outros sete trabalhadores foram presos pela polícia francesa enquanto atuavam como pedreiros. “Esse brasileiro é meu cliente. Ele me disse que teve o passaporte retido e que recebeu a escolha de ser deportado para Portugal ou para o Brasil”, contou o advogado. Roque afirmou que já havia orientado o cliente a permanecer em Portugal até regularizar completamente sua situação documental.
Mesmo com a orientação, o brasileiro decidiu ir para a França, atraído pelo salário mais alto para pedreiros naquele país: 2.200 euros (cerca de R$ 13,9 mil), comparado aos 820 euros (R$ 5,2 mil) que recebia em Portugal. Segundo Roque, o cliente já havia passado por atendimento na Agência para Integração, Migrações e Asilo (AIMA) no início de novembro, quando realizou a biometria para obter o cartão plástico de residência em Portugal. Foi esse comprovante de atendimento que impediu que ele fosse deportado para o Brasil junto com os outros sete brasileiros.
Alerta e preocupação
O advogado destacou que sua assistência ao cliente está limitada ao território português, já que não possui permissão para advogar na França. “Preciso verificar qual código foi carimbado no passaporte dele para tomar as providências necessárias. Ainda não sei se ele optou por embarcar para Portugal ou voltar para o Brasil”, afirmou. Roque reforçou que, em casos como este, a melhor assistência para brasileiros na França é oferecida pelo consulado, que tem comunicação direta com as autoridades locais. No entanto, uma tentativa de contato com o consulado brasileiro em Paris, feita pelo PÚBLICO Brasil, não obteve resposta.
Para Roque, a situação serve como um alerta para outros brasileiros. Ele enfatiza que é indispensável viajar para qualquer país com a documentação em ordem. “As pessoas não podem acreditar nas informações de youtubers e influencers que propagam uma visão simplista e irreal sobre a vida em Portugal e na Europa. Já vi publicações alegando que, com apenas 10 euros, é possível fazer as compras do mês em Portugal, o que é mentira”, alertou. Ele compreende o desejo de buscar salários melhores, mas reforça que isso não deve ser feito de forma impulsiva ou sem planejamento.
Roque destacou que muitos de seus clientes trabalham legalmente em Portugal, contribuindo para a economia local e pagando a Segurança Social. Porém, ele alertou sobre os desafios do custo de vida no país, que é elevado em relação aos salários. “É essencial planejar antes de sair do Brasil. Não é justo que as pessoas precisem dividir apartamentos pequenos com 20 ou 40 outras pessoas para sobreviver”, lamentou. Ele concluiu dizendo que o sonho de uma vida melhor no exterior pode se transformar em pesadelo, como ocorreu com o brasileiro detido na França.
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